terça-feira, 4 de junho de 2013

Entrevista com a Ir. Ivonete

Neste ano de 2013, algumas Irmãs Paulinas celebram Jubileu de Ouro e Prata de consagração na Vida Paulina. Nossa equipe do blog publicará as entrevistas que fizemos com elas, onde as mesmas partilham suas experiências de fé vividas ao longo desses 50 e 25 anos. Quem partilha sua experiência hoje conosco é a Ir. Ivonete Kuerten. Confira:
1. Irmã Ivonete, qual o texto Bíblico que iluminou sua caminhada ao longo desses 25 anos de vida consagrada? 
Tenho como referência desde a primeira etapa de formação paulina – aspirantado o texto de Paulino “Tudo posso naquele que me dá força” Fil 4,13. Essa Palavra sempre deu o rumo certo para a minha vida. No Senhor, eu sei que sempre encontrarei a razão de ser em qualquer situação: na alegria, na tristeza, na luta, na cruz, na esperança da ressurreição. Ele é a minha força. Eu sei.
Porém, na preparação aos votos perpétuos fiz uma experiência forte da confirmação do chamado e que marcou significativamente a minha opção vocacional para nunca mais olhar para trás e duvidar do dom de Deus em mim, dando o meu sim definitivo: “Tu me amas mais do que estes?” (...) “cuida das minhas ovelhas” (...) “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo” (...) “E acrescentou: ‘segue-me’” Jo 21, 15-19. Esse texto bíblico é uma certeza em mim. Eu sigo uma pessoa que me ama muito: Jesus. Ele é a razão do meu viver e da minha entrega às pessoas no serviço gratuito.
E o salmo 40 é uma pérola nesse momento de minha experiência vocacional: 25 anos de consagrada. Ele mostra o Deus que agiu no meu ser para que eu não desfalecesse em muitos momentos de prova, de sofrimento, de sentir o meu pecado, a minha pequenez. Ele agiu na minha vida para dizer: Eu cuido de você. Siga em frente sempre fiel. Não tema ninguém em teu caminhar. Colo os teus pés sobre a rocha e firmo os teus passos. Reconheça e louve pelos projetos que fiz em teu favor. Faça a minha vontade... assim por diante. A Palavra de Deus foi e é sempre luz.


2.Como você conheceu a Congregação das Irmãs Paulinas?
Uma colega de aula que me apontou esse caminho. Fazia acompanhamento vocacional com outra congregação e manifestei numa das aulas de minha turma de Magistério, que estava fazendo esse curso porque ia ser freira e trabalhar em colégios. No intervalo, a Ana Ivossyssyn, minha colega, depois minha amiga, disse que também estava fazendo discernimento vocacional, mas que era com as Irmãs Paulinas, cuja missão era evangelizar com a comunicação. Perguntou se eu queria conhecer as Irmãs Paulinas. Sabe, que não entendi muito bem essa missão, mas aceitei conhecer e que ela poderia enviar o meu nome e endereço para as Irmãs Paulinas. Logo recebi uma carta das Irmãs Paulinas, visitas em minha casa, estágio vocacional e fui fazendo o caminho de discernimento. Foram dois anos de acompanhamento até eu terminar o curso do Magistério e ingressar na Congregação. E a Ana, que apontou o caminho para mim??? A Ana hoje é uma excelente mãe e nós duas – amigas. Obrigada Ana. Gostaria de dizer que meus pais e irmãos também foram importantes nessa caminhada. Sempre me apoiaram na minha decisão, embora nem sempre compreendessem tudo, acreditaram em Deus e em mim. A eles também meu muito obrigada!
3.Você recorda um momento (fato) significativo de sua caminhada em que sentiu a mão de Deus sobre você?
Entre tantos que poderia relatar, quero registrar uma experiência muito profunda, que é quase difícil de manifestar em palavras. Foi o momento da morte de minha mãe. Quando fiz a experiência de Jesus, dando meu sim definitivo, como falei na resposta à primeira pergunta, pedi somente uma coisa a Deus – estar no leito de morte de meus pais. Meu pai ainda vive e é uma grande riqueza em minha família. Minha mãe já está em Deus e ele me concedeu a graça de estar junto dela no momento de sua partida. Foi uma graça muito grande, que ao recordar, me emociono. Deus me concedeu o dom de experimentar a alegria de uma vida totalmente doada aos outros, que foi a vida de minha mãe. E isso, no momento de sua morte e perceber que muitas coisas na vida são relativas. Tudo passa, só o amor permanece.
Minha mãe só levou consigo o amor, somente o amor que ela viveu nesse mundo. Despediu-se de todos: dos filhos, do esposo, de seus irmãos/as, dos amigos/as... de todos, pediu perdão e partiu. No momento de sua morte, saiu deste mundo para se encontrar com o seu amado, o seu Senhor. Nesse instante, eu senti, eu vi a porta da Vida Eterna se abrir, num facho de luz para aquela que foi a minha mãe. Naquele momento, eu era a pessoa mais feliz do mundo. Fui invadida por uma paz, uma serenidade e uma alegria nunca experimentada e uma certeza habita, depois dessa data, em meu coração: A Vida Eterna existe e somente uma vida doada totalmente na gratuidade, no serviço ao outro, na simplicidade é que vale para o Reino de Deus. Amar, amar, perdoar, perdoar-se... E o meu pecado, as minhas limitações são a certeza de que é o Senhor que cuida de mim. Da minha parte é a abertura generosa para fazer a vontade de Deus: “Eis-me aqui”. Esse momento foi um “divisor de água” na minha existência. Nunca mais fui a mesma. O Senhor pode fazer o que quiser de mim, através de meus superiores. Só o amor vale.


4.Que setores da Missão Paulina você já trabalhou? Qual deles considera mais desafiador?
A missão Paulina quando realizada na dimensão do serviço e da gratuidade é graça e dom de Deus. Padre Tiago Alberione diz que todas as Filhas de São Paulo, na missão que exercem, têm a “graça do ofício”. Eu acredito nisso. Toda missão é desafiadora, mas, na minha experiência, a Congregação sempre me ofereceu oportunidades de me preparar para realizar a missão. Com isso, não quero dizer que as “coisas caem do céu”. Pelo contrário, em todo ministério que me pediram e no qual realizei a minha vocação, tive de “suar a testa” para realizá-lo da melhor forma possível. Sempre aprendi muito de tudo e de todos. Busquei me aperfeiçoar com pesquisa, leituras e nos cursos oferecidos pela congregação para o meu crescimento profissional na área da missão que atuava.

Tive a graça de o meu primeiro envio ter sido para a comunidade de Belém do Pará, recém-aberta. Isso era no ano de 1988. Fui enviada para trabalhar no Setor de Comunicação do Regional Norte 2 da CNBB: assessoria pastoral e de imprensa, na parte da manhã; à tarde, no setor de promoção da Paulinas Livraria. Foi um período de prova, mas também de muito crescimento. Fui muito desafiada pela insuficiência em tudo. Porém, recebi muita ajuda as Irmãs da Congregação e, de modo especial, de Irmã Maria Alba Vega Garcia, que me introduziu no mundo da comunicação da Igreja. Sinto uma profunda gratidão à essa paulina. Recebi muito das experiências com o povo paraense, dos leigos, sacerdotes, bispos, enfim da Igreja presente na Amazônia. Sinto que essa experiência formou a base para eu ser a religiosa que sou hoje. Para ajudar nessa missão, a Congregação me ofereceu o curso de comunicação do Sepac.

Em Belém, de 1993-1996, exerci minha missão na formação das jovens aspirantes. Foram quatro grupos de jovens que tive a graça de acompanhar. Sinto que eu fui a maior beneficiada, pois amadureci na minha opção vocacional e pude compreender a dinâmica de Deus na vida da vocacionada. Momento riquíssimo. Nesse período fiz encontros de formadoras que muito me auxiliaram na missão e o curso de Filosofia, bacharelado e licenciatura, na Universidade Federal do Pará.

Após nove anos fui transferida para São Paulo, com a missão de ajudar na equipe de produção da Revista Família Cristã e fiz a faculdade de Comunicação Social, com habilitação em jornalismo. Nessa missão fiquei 11 anos. Desde 2008, estou no Governo Provincial, como Conselheira. Um serviço à província, de modo especial na animação vocacional e dos Cooperadores Paulinos para o Evangelho.

Sinto tudo como graça de Deus, para me fazer feliz, realizando o seu plano de amor sobre mim.
5. Deixe uma mensagem para as jovens que hoje desejam seguir Jesus mais de perto no Carisma Paulino.

 
Seguir a Jesus é o mais empolgante ideal de vida. Na nossa existência temos muitos sonhos. Queremos ser e fazer muitas coisas. Na vida religiosa, Deus nos concede a graça de realizar esses sonhos. Vejam: eu tinha o sonho de ser professora: fui e sou professora hoje; eu queria ser “dona de casa”. Cuido da nossa casa, ajudo as irmãs a cuidar, fazer as coisas para que a nossa vida comunitária seja sempre mais gostosa, agradável.
Sabe eu queria, ainda, ser mãe, ter meus filhos. Hoje sei que sou mãe e tenho muitos, mais muitos filhos, gerados nas várias missões que realizei e realizo.
Deus realiza na minha vida, aquilo que prometeu: “Todo aquele que, por minha causa, deixar irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos, terras ou casa receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna” (Mt 19, 10-12). E Deus realiza isso em nossa vida. Só temos de ter a coragem e a força profética de DEIXAR tudo por CAUSA de JESUS e o REINO. E ele nos fará sempre felizes. É claro que, como todo projeto de vida, toda vocação, existe no caminho: alegrias, tristezas, sofrimento, trabalho, descanso... E tudo assumido, encontra-se a plena alegria. A felicidade tão sonhada, Deus realiza e a pessoa é plenamente feliz.
Jovem não tenha medo de deixar tudo por Jesus e investir (doar) a sua vida para o Reino. Venha ser uma irmã Paulina!

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