segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Fraternidade, fundamento e caminho para a paz

Confira, na íntegra, a  mensagem do Santo Padre Francisco para a celebração do Dia Mundial da Paz, que se celebra em 1º de janeiro de 2014. O tema é "Fraternidade, fundamento e caminho para a paz".
 
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1. Nesta minha primeira Mensagem para o Dia Mundial da Paz, desejo formular a todos, indivíduos e povos, votos duma vida repleta de alegria e esperança. Com efeito, no coração de cada homem e mulher, habita o anseio duma vida plena que contém uma aspiração irreprimível de fraternidade, impelindo à comunhão com os outros, em quem não encontramos inimigos ou concorrentes, mas irmãos que devemos acolher e abraçar.
Na realidade, a fraternidade é uma dimensão essencial do homem, sendo ele um ser relacional. A consciência viva desta dimensão relacional leva-nos a ver e tratar cada pessoa como uma verdadeira irmã e um verdadeiro irmão; sem tal consciência, torna-se impossível a construção duma sociedade justa, duma paz firme e duradoura. E convém desde já lembrar que a fraternidade se começa a aprender habitualmente no seio da família, graças sobretudo às funções responsáveis e complementares de todos os seus membros, mormente do pai e da mãe. A família é a fonte de toda a fraternidade, sendo por isso mesmo também o fundamento e o caminho primário para a paz, já que, por vocação, deveria contagiar o mundo com o seu amor.
O número sempre crescente de ligações e comunicações que envolvem o nosso planeta torna mais palpável a consciência da unidade e partilha dum destino comum entre as nações da terra. Assim, nos dinamismos da história – independentemente da diversidade das etnias, das sociedades e das culturas –, vemos semeada a vocação a formar uma comunidade feita de irmãos que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos outros. Contudo, ainda hoje, esta vocação é muitas vezes contrastada e negada nos factos, num mundo caracterizado pela «globalização da indiferença» que lentamente nos faz «habituar» ao sofrimento alheio, fechando-nos em nós mesmos.
Em muitas partes do mundo, parece não conhecer tréguas a grave lesão dos direitos humanos fundamentais, sobretudo dos direitos à vida e à liberdade de religião. Exemplo preocupante disso mesmo é o dramático fenómeno do tráfico de seres humanos, sobre cuja vida e desespero especulam pessoas sem escrúpulos. Às guerras feitas de confrontos armados juntam-se guerras menos visíveis, mas não menos cruéis, que se combatem nos campos económico e financeiro com meios igualmente demolidores de vidas, de famílias, de empresas.
A globalização, como afirmou Bento XVI, torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos. As inúmeras situações de desigualdade, pobreza e injustiça indicam não só uma profunda carência de fraternidade, mas também a ausência duma cultura de solidariedade. As novas ideologias, caracterizadas por generalizado individualismo, egocentrismo e consumismo materialista, debilitam os laços sociais, alimentando aquela mentalidade do «descartável» que induz ao desprezo e abandono dos mais fracos, daqueles que são considerados «inúteis». Assim, a convivência humana assemelha-se sempre mais a um mero do ut des pragmático e egoísta.Ao mesmo tempo, resulta claramente que as próprias éticas contemporâneas se mostram incapazes de produzir autênticos vínculos de fraternidade, porque uma fraternidade privada da referência a um Pai comum como seu fundamento último não consegue subsistir. Uma verdadeira fraternidade entre os homens supõe e exige uma paternidade transcendente. A partir do reconhecimento desta paternidade, consolida-se a fraternidade entre os homens, ou seja, aquele fazer-se «próximo» para cuidar do outro.
«Onde está o teu irmão?» (Gn 4, 9)
2. Para compreender melhor esta vocação do homem à fraternidade e para reconhecer de forma mais adequada os obstáculos que se interpõem à sua realização e identificar as vias para a superação dos mesmos, é fundamental deixar-se guiar pelo conhecimento do desígnio de Deus, tal como se apresenta de forma egrégia na Sagrada Escritura.
Segundo a narração das origens, todos os homens provêm dos mesmos pais, de Adão e Eva, casal criado por Deus à sua imagem e semelhança (cf. Gn 1, 26), do qual nascem Caim e Abel. Na história desta família primigénia, lemos a origem da sociedade, a evolução das relações entre as pessoas e os povos.
Abel é pastor, Caim agricultor. A sua identidade profunda e, conjuntamente, a sua vocação é ser irmãos, embora na diversidade da sua actividade e cultura, da sua maneira de se relacionarem com Deus e com a criação. Mas o assassinato de Abel por Caim atesta, tragicamente, a rejeição radical da vocação a ser irmãos. A sua história (cf. Gn 4, 1-16) põe em evidência o difícil dever, a que todos os homens são chamados, de viver juntos, cuidando uns dos outros. Caim, não aceitando a predilecção de Deus por Abel, que Lhe oferecia o melhor do seu rebanho – «o Senhor olhou com agrado para Abel e para a sua oferta, mas não olhou com agrado para Caim nem para a sua oferta» (Gn 4, 4-5) –, mata Abel por inveja. Desta forma, recusa reconhecer-se irmão, relacionar-se positivamente com ele, viver diante de Deus, assumindo as suas responsabilidades de cuidar e proteger o outro. À pergunta com que Deus interpela Caim – «onde está o teu irmão?» –, pedindo-lhe contas da sua acção, responde: «Não sei dele. Sou, porventura, guarda do meu irmão?» (Gn 4, 9). Depois – diz-nos o livro do Génesis –, «Caim afastou-se da presença do Senhor» (4, 16).
É preciso interrogar-se sobre os motivos profundos que induziram Caim a ignorar o vínculo de fraternidade e, simultaneamente, o vínculo de reciprocidade e comunhão que o ligavam ao seu irmão Abel. O próprio Deus denuncia e censura a Caim a sua contiguidade com o mal: «o pecado deitar-se-á à tua porta» (Gn 4, 7). Mas Caim recusa opor-se ao mal, e decide igualmente «lançar-se sobre o irmão» (Gn 4, 8), desprezando o projecto de Deus. Deste modo, frustra a sua vocação original para ser filho de Deus e viver a fraternidade.
A narração de Caim e Abel ensina que a humanidade traz inscrita em si mesma uma vocação à fraternidade, mas também a possibilidade dramática da sua traição. Disso mesmo dá testemunho o egoísmo diário, que está na base de muitas guerras e injustiças: na realidade, muitos homens e mulheres morrem pela mão de irmãos e irmãs que não sabem reconhecer-se como tais, isto é, como seres feitos para a reciprocidade, a comunhão e a doação.
«E vós sois todos irmãos» (Mt 23, 8)
3. Surge espontaneamente a pergunta: poderão um dia os homens e as mulheres deste mundo corresponder plenamente ao anseio de fraternidade, gravado neles por Deus Pai? Conseguirão, meramente com as suas forças, vencer a indiferença, o egoísmo e o ódio, aceitar as legítimas diferenças que caracterizam os irmãos e as irmãs?
Parafraseando as palavras do Senhor Jesus, poderemos sintetizar assim a resposta que Ele nos dá: dado que há um só Pai, que é Deus, vós sois todos irmãos (cf. Mt 23, 8-9). A raiz da fraternidade está contida na paternidade de Deus. Não se trata de uma paternidade genérica, indistinta e historicamente ineficaz, mas do amor pessoal, solícito e extraordinariamente concreto de Deus por cada um dos homens (cf. Mt 6, 25-30). Trata-se, por conseguinte, de uma paternidade eficazmente geradora de fraternidade, porque o amor de Deus, quando é acolhido, torna-se no mais admirável agente de transformação da vida e das relações com o outro, abrindo os seres humanos à solidariedade e à partilha ativa.
Em particular, a fraternidade humana foi regenerada em e por Jesus Cristo, com a sua morte e ressurreição. A cruz é o «lugar» definitivo de fundação da fraternidade que os homens, por si sós, não são capazes de gerar. Jesus Cristo, que assumiu a natureza humana para a redimir, amando o Pai até à morte e morte de cruz (cf. Fl 2, 8), por meio da sua ressurreição constitui-nos como humanidade nova, em plena comunhão com a vontade de Deus, com o seu projeto, que inclui a realização plena da vocação à fraternidade.
Jesus retoma o projeto inicial do Pai, reconhecendo-Lhe a primazia sobre todas as coisas. Mas Cristo, com o seu abandono até à morte por amor do Pai, torna-Se princípio novo e definitivo de todos nós, chamados a reconhecer-nos n’Ele como irmãos, porque filhos do mesmo Pai. Ele é a própria Aliança, o espaço pessoal da reconciliação do homem com Deus e dos irmãos entre si. Na morte de Jesus na cruz, ficou superada também a separação entre os povos, entre o povo da Aliança e o povo dos Gentios, privado de esperança porque permanecera até então alheio aos pactos da Promessa. Como se lê na Carta aos Efésios, Jesus Cristo é Aquele que reconcilia em Si todos os homens. Ele é a paz, porque, dos dois povos, fez um só, derrubando o muro de separação que os dividia, ou seja, a inimizade. Criou em Si mesmo um só povo, um só homem novo, uma só humanidade nova (cf. 2,14-16).
Quem aceita a vida de Cristo e vive n’Ele, reconhece Deus como Pai e a Ele Se entrega totalmente, amando-O acima de todas as coisas. O homem reconciliado vê, em Deus, o Pai de todos e, consequentemente, é solicitado a viver uma fraternidade aberta a todos. Em Cristo, o outro é acolhido e amado como filho ou filha de Deus, como irmão ou irmã, e não como um estranho, menos ainda como um antagonista ou até um inimigo. Na família de Deus, onde todos são filhos dum mesmo Pai e, porque enxertados em Cristo, filhos no Filho, não há «vidas descartáveis». Todos gozam de igual e inviolável dignidade; todos são amados por Deus, todos foram resgatados pelo sangue de Cristo, que morreu na cruz e ressuscitou por cada um. Esta é a razão pela qual não se pode ficar indiferente perante a sorte dos irmãos.
 
A fraternidade, fundamento e caminho para a paz
4. Suposto isto, é fácil compreender que a fraternidade é fundamento e caminho para a paz. As Encíclicas sociais dos meus Predecessores oferecem uma ajuda valiosa neste sentido. Basta ver as definições de paz da Populorum progressio, de Paulo VI, ou da Sollicitudo rei socialis, de João Paulo II. Da primeira, apreendemos que o desenvolvimento integral dos povos é o novo nome da paz e, da segunda, que a paz é opus solidaritatis, fruto da solidariedade.
Paulo VI afirma que tanto as pessoas como as nações se devem encontrar num espírito de fraternidade. E explica: «Nesta compreensão e amizade mútuas, nesta comunhão sagrada, devemos (...) trabalhar juntos para construir o futuro comum da humanidade». Este dever recai primariamente sobre os mais favorecidos. As suas obrigações radicam-se na fraternidade humana e sobrenatural, apresentando-se sob um tríplice aspecto: o dever de solidariedade, que exige que as nações ricas ajudem as menos avançadas; o dever de justiça social, que requer a reformulação em termos mais correctos das relações defeituosas entre povos fortes e povos fracos; o dever de caridade universal, que implica a promoção de um mundo mais humano para todos, um mundo onde todos tenham qualquer coisa a dar e a receber, sem que o progresso de uns seja obstáculo ao desenvolvimento dos outros.
Ora, da mesma forma que se considera a paz como opus solidarietatis, é impossível não pensar que o seu fundamento principal seja a fraternidade. A paz, afirma João Paulo II, é um bem indivisível: ou é bem de todos, ou não o é de ninguém. Na realidade, a paz só pode ser conquistada e usufruída como melhor qualidade de vida e como desenvolvimento mais humano e sustentável, se estiver viva, em todos, «a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum». Isto implica não deixar-se guiar pela «avidez do lucro» e pela «sede do poder». É preciso estar pronto a «“perder-se” em benefício do próximo em vez de o explorar, e a “servi-lo” em vez de o oprimir para proveito próprio (...). O “outro” – pessoa, povo ou nação – [não deve ser visto] como um instrumento qualquer, de que se explora, a baixo preço, a capacidade de trabalhar e a resistência física, para o abandonar quando já não serve; mas sim como um nosso “semelhante”, um “auxílio”».
A solidariedade cristã pressupõe que o próximo seja amado não só como «um ser humano com os seus direitos e a sua igualdade fundamental em relação a todos os demais, mas [como] a imagem viva de Deus Pai, resgatada pelo sangue de Jesus Cristo e tornada objecto da acção permanente do Espírito Santo», como um irmão. «Então a consciência da paternidade comum de Deus, da fraternidade de todos os homens em Cristo, “filhos no Filho”, e da presença e da acção vivificante do Espírito Santo conferirá – lembra João Paulo II – ao nosso olhar sobre o mundo como que um novo critério para o interpretar», para o transformar.
 
A fraternidade, premissa para vencer a pobreza
5. Na Caritas in veritate, o meu Predecessor lembrava ao mundo que uma causa importante da pobreza é a falta de fraternidade entre os povos e entre os homens. Em muitas sociedades, sentimos uma profunda pobreza relacional, devido à carência de sólidas relações familiares e comunitárias; assistimos, preocupados, ao crescimento de diferentes tipos de carências, marginalização, solidão e de várias formas de dependência patológica. Uma tal pobreza só pode ser superada através da redescoberta e valorização de relações fraternas no seio das famílias e das comunidades, através da partilha das alegrias e tristezas, das dificuldades e sucessos presentes na vida das pessoas.
Além disso, se por um lado se verifica uma redução da pobreza absoluta, por outro não podemos deixar de reconhecer um grave aumento da pobreza relativa, isto é, de desigualdades entre pessoas e grupos que convivem numa região específica ou num determinado contexto histórico-cultural. Neste sentido, servem políticas eficazes que promovam o princípio da fraternidade, garantindo às pessoas – iguais na sua dignidade e nos seus direitos fundamentais – acesso aos «capitais», aos serviços, aos recursos educativos, sanitários e tecnológicos, para que cada uma delas tenha oportunidade de exprimir e realizar o seu projecto de vida e possa desenvolver-se plenamente como pessoa.
Reconhece-se haver necessidade também de políticas que sirvam para atenuar a excessiva desigualdade de rendimento. Não devemos esquecer o ensinamento da Igreja sobre a chamada hipoteca social, segundo a qual, se é lícito – como diz São Tomás de Aquino – e mesmo necessário que «o homem tenha a propriedade dos bens», quanto ao uso, porém, «não deve considerar as coisas exteriores que legitimamente possui só como próprias, mas também como comuns, no sentido de que possam beneficiar não só a si mas também aos outros».
Por último, há uma forma de promover a fraternidade – e, assim, vencer a pobreza – que deve estar na base de todas as outras. É o desapego vivido por quem escolhe estilos de vida sóbrios e essenciais, por quem, partilhando as suas riquezas, consegue assim experimentar a comunhão fraterna com os outros. Isto é fundamental, para seguir Jesus Cristo e ser verdadeiramente cristão. É o caso não só das pessoas consagradas que professam voto de pobreza, mas também de muitas famílias e tantos cidadãos responsáveis que acreditam firmemente que a relação fraterna com o próximo constitua o bem mais precioso.
 
A redescoberta da fraternidade na economia
6. As graves crises financeiras e económicas dos nossos dias – que têm a sua origem no progressivo afastamento do homem de Deus e do próximo, com a ambição desmedida de bens materiais, por um lado, e o empobrecimento das relações interpessoais e comunitárias, por outro – impeliram muitas pessoas a buscar o bem-estar, a felicidade e a segurança no consumo e no lucro fora de toda a lógica duma economia saudável. Já, em 1979, o Papa João Paulo II alertava para a existência de «um real e perceptível perigo de que, enquanto progride enormemente o domínio do homem sobre o mundo das coisas, ele perca os fios essenciais deste seu domínio e, de diversas maneiras, submeta a elas a sua humanidade, e ele próprio se torne objecto de multiforme manipulação, se bem que muitas vezes não directamente perceptível; manipulação através de toda a organização da vida comunitária, mediante o sistema de produção e por meio de pressões dos meios de comunicação social».
As sucessivas crises económicas devem levar a repensar adequadamente os modelos de desenvolvimento económico e a mudar os estilos de vida. A crise actual, com pesadas consequências na vida das pessoas, pode ser também uma ocasião propícia para recuperar as virtudes da prudência, temperança, justiça e fortaleza. Elas podem ajudar-nos a superar os momentos difíceis e a redescobrir os laços fraternos que nos unem uns aos outros, com a confiança profunda de que o homem tem necessidade e é capaz de algo mais do que a maximização do próprio lucro individual. As referidas virtudes são necessárias sobretudo para construir e manter uma sociedade à medida da dignidade humana.
 
A fraternidade extingue a guerra
7. Ao longo do ano que termina, muitos irmãos e irmãs nossos continuaram a viver a experiência dilacerante da guerra, que constitui uma grave e profunda ferida infligida à fraternidade.
Há muitos conflitos que se consumam na indiferença geral. A todos aqueles que vivem em terras onde as armas impõem terror e destruição, asseguro a minha solidariedade pessoal e a de toda a Igreja
. Esta última tem por missão levar o amor de Cristo também às vítimas indefesas das guerras esquecidas, através da oração pela paz, do serviço aos feridos, aos famintos, aos refugiados, aos deslocados e a quantos vivem no terror. De igual modo a Igreja levanta a sua voz para fazer chegar aos responsáveis o grito de dor desta humanidade atribulada e fazer cessar, juntamente com as hostilidades, todo o abuso e violação dos direitos fundamentais do homem. Por este motivo, desejo dirigir um forte apelo a quantos semeiam violência e morte, com as armas: naquele que hoje considerais apenas um inimigo a abater, redescobri o vosso irmão e detende a vossa mão! Renunciai à via das armas e ide ao encontro do outro com o diálogo, o perdão e a reconciliação para reconstruir a justiça, a confiança e esperança ao vosso redor! «Nesta óptica, torna-se claro que, na vida dos povos, os conflitos armados constituem sempre a deliberada negação de qualquer concórdia internacional possível, originando divisões profundas e dilacerantes feridas que necessitam de muitos anos para se curarem. As guerras constituem a rejeição prática de se comprometer para alcançar aquelas grandes metas económicas e sociais que a comunidade internacional estabeleceu».
Mas, enquanto houver em circulação uma quantidade tão grande como a actual de armamentos, poder-se-á sempre encontrar novos pretextos para iniciar as hostilidades. Por isso, faço meu o apelo lançado pelos meus Predecessores a favor da não-proliferação das armas e do desarmamento por parte de todos, a começar pelo desarmamento nuclear e químico.
Não podemos, porém, deixar de constatar que os acordos internacionais e as leis nacionais, embora sendo necessários e altamente desejáveis, por si sós não bastam para preservar a humanidade do risco de conflitos armados. É precisa uma conversão do coração que permita a cada um reconhecer no outro um irmão do qual cuidar e com o qual trabalhar para, juntos, construírem uma vida em plenitude para todos. Este é o espírito que anima muitas das iniciativas da sociedade civil, incluindo as organizações religiosas, a favor da paz. Espero que o compromisso diário de todos continue a dar fruto e que se possa chegar também à efectiva aplicação, no direito internacional, do direito à paz como direito humano fundamental, pressuposto necessário para o exercício de todos os outros direitos.
 
A corrupção e o crime organizado contrastam a fraternidade.
8. O horizonte da fraternidade apela ao crescimento em plenitude de todo o homem e mulher. As justas ambições duma pessoa, sobretudo se jovem, não devem ser frustradas nem lesadas; não se lhe deve roubar a esperança de podê-las realizar. A ambição, porém, não deve ser confundida com prevaricação; pelo contrário, é necessário competir na mútua estima (cf. Rm 12, 10). Mesmo nas disputas, que constituem um aspecto inevitável da vida, é preciso recordar-se sempre de que somos irmãos; por isso, é necessário educar e educar-se para não considerar o próximo como um inimigo nem um adversário a eliminar.
A fraternidade gera paz social, porque cria um equilíbrio entre liberdade e justiça, entre responsabilidade pessoal e solidariedade, entre bem dos indivíduos e bem comum. Uma comunidade política deve, portanto, agir de forma transparente e responsável para favorecer tudo isto. Os cidadãos devem sentir-se representados pelos poderes públicos, no respeito da sua liberdade. Em vez disso, muitas vezes, entre cidadão e instituições, interpõem-se interesses partidários que deformam essa relação, favorecendo a criação dum clima perene de conflito.Um autêntico espírito de fraternidade vence o egoísmo individual, que contrasta a possibilidade das pessoas viverem em liberdade e harmonia entre si. Tal egoísmo desenvolve-se, socialmente, quer nas muitas formas de corrupção que hoje se difunde de maneira capilar, quer na formação de organizações criminosas – desde os pequenos grupos até àqueles organizados à escala global – que, minando profundamente a legalidade e a justiça, ferem no coração a dignidade da pessoa. Estas organizações ofendem gravemente a Deus, prejudicam os irmãos e lesam a criação, revestindo-se duma gravidade ainda maior se têm conotações religiosas.
Penso no drama dilacerante da droga com a qual se lucra desafiando leis morais e civis, na devastação dos recursos naturais e na poluição em curso, na tragédia da exploração do trabalho; penso nos tráficos ilícitos de dinheiro como também na especulação financeira que, muitas vezes, assume caracteres predadores e nocivos para inteiros sistemas económicos e sociais, lançando na pobreza milhões de homens e mulheres; penso na prostituição que diariamente ceifa vítimas inocentes, sobretudo entre os mais jovens, roubando-lhes o futuro; penso no abomínio do tráfico de seres humanos, nos crimes e abusos contra menores, na escravidão que ainda espalha o seu horror em muitas partes do mundo, na tragédia frequentemente ignorada dos emigrantes sobre quem se especula indignamente na ilegalidade. A este respeito escreveu João XXIII: «Uma convivência baseada unicamente em relações de força nada tem de humano: nela vêem as pessoas coarctada a própria liberdade, quando, pelo contrário, deveriam ser postas em condição tal que se sentissem estimuladas a procurar o próprio desenvolvimento e aperfeiçoamento». Mas o homem pode converter-se, e não se deve jamais desesperar da possibilidade de mudar de vida. Gostaria que isto fosse uma mensagem de confiança para todos, mesmo para aqueles que cometeram crimes hediondos, porque Deus não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva (cf. Ez 18, 23).
No contexto alargado da sociabilidade humana, considerando o delito e a pena, penso também nas condições desumanas de muitos estabelecimentos prisionais, onde frequentemente o preso acaba reduzido a um estado sub-humano, violado na sua dignidade de homem e sufocado também em toda a vontade e expressão de resgate. A Igreja faz muito em todas estas áreas, a maior parte das vezes sem rumor. Exorto e encorajo a fazer ainda mais, na esperança de que tais acções desencadeadas por tantos homens e mulheres corajosos possam cada vez mais ser sustentadas, leal e honestamente, também pelos poderes civis.
 
A fraternidade ajuda a guardar e cultivar a natureza.
9. A família humana recebeu, do Criador, um dom em comum: a natureza. A visão cristã da criação apresenta um juízo positivo sobre a licitude das intervenções na natureza para dela tirar benefício, contanto que se atue responsavelmente, isto é, reconhecendo aquela «gramática» que está inscrita nela e utilizando, com sabedoria, os recursos para proveito de todos, respeitando a beleza, a finalidade e a utilidade dos diferentes seres vivos e a sua função no ecossistema. Em suma, a natureza está à nossa disposição, mas somos chamados a administrá-la responsavelmente. Em vez disso, muitas vezes deixamo-nos guiar pela ganância, pela soberba de dominar, possuir, manipular, desfrutar; não guardamos a natureza, não a respeitamos, nem a consideramos como um dom gratuito de que devemos cuidar e colocar ao serviço dos irmãos, incluindo as gerações futuras.
De modo particular o sector produtivo primário, o sector agrícola, tem a vocação vital de cultivar e guardar os recursos naturais para alimentar a humanidade. A propósito, a persistente vergonha da fome no mundo leva-me a partilhar convosco esta pergunta: De que modo usamos os recursos da terra? As sociedades atuais devem refletir sobre a hierarquia das prioridades no destino da produção. De facto, é um dever impelente que se utilizem de tal modo os recursos da terra, que todos se vejam livres da fome. As iniciativas e as soluções possíveis são muitas, e não se limitam ao aumento da produção. É mais que sabido que a produção atual é suficiente, e todavia há milhões de pessoas que sofrem e morrem de fome, o que constitui um verdadeiro escândalo. Por isso, é necessário encontrar o modo para que todos possam beneficiar dos frutos da terra, não só para evitar que se alargue o fosso entre aqueles que têm mais e os que devem contentar-se com as migalhas, mas também e sobretudo por uma exigência de justiça e equidade e de respeito por cada ser humano. Neste sentido, gostaria de lembrar a todos o necessário destino universal dos bens, que é um dos princípios fulcrais da doutrina social da Igreja. O respeito deste princípio é a condição essencial para permitir um acesso real e equitativo aos bens essenciais e primários de que todo o homem precisa e tem direito.

Conclusão
10. Há necessidade que a fraternidade seja descoberta, amada, experimentada, anunciada e testemunhada; mas só o amor dado por Deus é que nos permite acolher e viver plenamente a fraternidade.

O necessário realismo da política e da economia não pode reduzir-se a um tecnicismo sem ideal, que ignora a dimensão transcendente do homem. Quando falta esta abertura a Deus, toda a actividade humana se torna mais pobre, e as pessoas são reduzidas a objecto passível de exploração. Somente se a política e a economia aceitarem mover-se no amplo espaço assegurado por esta abertura Àquele que ama todo o homem e mulher, é que conseguirão estruturar-se com base num verdadeiro espírito de caridade fraterna e poderão ser instrumento eficaz de desenvolvimento humano integral e de paz.
Nós, cristãos, acreditamos que, na Igreja, somos membros uns dos outros e todos mutuamente necessários, porque a cada um de nós foi dada uma graça, segundo a medida do dom de Cristo, para utilidade comum (cf. Ef 4, 7.25; 1 Cor 12, 7). Cristo veio ao mundo para nos trazer a graça divina, isto é, a possibilidade de participar na sua vida. Isto implica tecer um relacionamento fraterno, caracterizado pela reciprocidade, o perdão, o dom total de si mesmo, segundo a grandeza e a profundidade do amor de Deus, oferecido à humanidade por Aquele que, crucificado e ressuscitado, atrai todos a Si: «Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros; que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei. Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros» (Jo 13, 34-35). Esta é a boa nova que requer, de cada um, um passo mais, um exercício perene de empatia, de escuta do sofrimento e da esperança do outro, mesmo do que está mais distante de mim, encaminhando-se pela estrada exigente daquele amor que sabe doar-se e gastar-se gratuitamente pelo bem de cada irmão e irmã.
Cristo abraça todo o ser humano e deseja que ninguém se perca. «Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele» (Jo 3, 17). Fá-lo sem oprimir, sem forçar ninguém a abrir-Lhe as portas do coração e da mente. «O que for maior entre vós seja como o menor, e aquele que mandar, como aquele que serve – diz Jesus Cristo –. Eu estou no meio de vós como aquele que serve» (Lc 22, 26-27). Deste modo, cada actividade deve ser caracterizada por uma atitude de serviço às pessoas, incluindo as mais distantes e desconhecidas. O serviço é a alma da fraternidade que edifica a paz.
Que Maria, a Mãe de Jesus, nos ajude a compreender e a viver todos os dias a fraternidade que jorra do coração do seu Filho, para levar a paz a todo o homem que vive nesta nossa amada terra.
Vaticano, 8 de Dezembro de 2013.
[Franciscus]
 

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Reflexão para tempos de férias

 
Férias: tempo do bom ócio, do lazer e do prazer

(José Lisboa Moreira de Oliveira
Filósofo, teólogo, escritor e professor universitário).


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No Brasil o final e o início de cada ano costumam coincidir com o período de férias para boa parte da população, especialmente aquela ligada à educação. É o tempo de parar para descansar, curtir a vida, viver um pouco de ócio e cultivar alguns bons prazeres, como, por exemplo, ir à praia ou a outro local diferente.


Lamentavelmente certa tradição cristã pintou tudo isso com a mancha do pecado. Ao invés de motivar as pessoas a encontrarem no descanso, no ócio e no prazer uma forma de contemplar o amor de Deus, terminou por estragar tudo, empurrando os seres humanos exatamente para onde não desejava. Por esse motivo convém resgatar uma visão mais positiva destas coisas, mostrando o quanto elas tem de divino e de profundamente humano.

Precisamos, logo de início, abandonar a figura de Deus como sendo a de alguém bastante irado, nervoso, vingativo e castigador. Um Deus estressado que não tem prazer, que não descansa e nem tira férias, cujo único prazer é castigar e punir o pecador. Na tradição cristã quase não existe referências ao ócio e aos prazeres divinos. Já na maioria das culturas não-cristãs os deuses são revestidos de certo antropomorfismo. Por isso, normalmente, são também “deuses terrestres” que amam determinados prazeres como, por exemplo, caçar, pescar, criar animais etc. Os gregos tinham o deus Dionísio, adotado depois pelos romanos com o nome de Baco, que era a divindade do vinho, da ebriedade e dos excessos
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Porém, se olharmos atentamente para alguns textos da Sagrada Escritura vamos perceber que o Deus bíblico é um Deus que tem e cultiva prazer, que ama tirar uma folguinha de vez em quando. Já nas primeiras páginas da Bíblia encontramos um Deus que “curte” prazerosamente a sua criação. Ele vai criando e contemplando o que cria. Esta contemplação é uma ação prazerosa como revela muito bem a expressão “Deus viu que isto era bom” (Gn 1,12), termo que poderia ser traduzido pela expressão “Deus sentiu muito prazer pelo que tinha acabado de fazer”. Depois de continuar a criar, ele volta a contemplar sua criação e sente muito mais prazer ao perceber que tudo o que ele tinha acabado de criar “era muito bom” (Gn 1,31). Deus sente em profundidade infinita aquele prazer que nós sentimos, quando terminamos de realizar algo com o qual sonhamos, e que contribui para a nossa realização e felicidade.

Estudiosos da Bíblia observam com perspicácia que a criação divina não está voltada exclusivamente para uma função meramente econômica, ou seja, somente para atender as necessidades básicas da sobrevivência humana e dos demais seres vivos. Deus, ao criar o mundo, faz muitas coisas que, por si só não seriam indispensáveis. Percebe-se, então, que ele cria não só por necessidade, mas para sentir prazer e para oferecer ao ser humano oportunidades de sentir prazer.

Este Deus bíblico sente prazer também em terminar a sua obra, em deixar de trabalhar, cultivando o ócio, cessando toda a obra que tinha feito até então (Gn 2,2-3). É o prazer de concluir um trabalho e depois descansar, apenas contemplando o que foi feito. Trata-se aqui do prazer do ócio, daquela experiência agradável de ficar um tempo sem fazer nada. Talvez isso seja difícil de entender numa cultura como a nossa que valoriza o ativismo e a produção e que tem dificuldade de encontrar tempo para o prazer de descansar, para o prazer de parar para ficar sem fazer nada. Na era do consumismo e da busca obsessiva de ter dinheiro para gastar, o ser humano vai perdendo o prazer do ócio. Trabalha como louco para poder ter um dia um tempo livre para gastar o dinheiro. Mas a obsessão é tanta que ele nunca consegue parar para descansar. No cristianismo chegou-se à obsessão de pensar que o descanso e o ócio eram pecados.

Além disso, o Deus bíblico é um Deus lúdico, ou seja, que gosta do prazer de se divertir e aproveita de momentos de folguedo para passear e praticar o lazer. Neste sentido é muito significativa a cena do livro do Gênesis (3,8) segundo a qual Deus, aproveitando a brisa da tarde, passeia pelo jardim do Éden, por ele criado. A Tradução Ecumênica da Bíblia (TEB) nota que o termo usado para designar esta brisa é ruah, palavra feminina que significa o sopro divino criador. Continuando a reflexão a TEB deixa entender que Deus pretendia encontrar o ser humano criado por ele num ambiente prazeroso e não num clima de tensão. O Deus da Bíblia adoraria estar naquele instante com Adão e Eva curtindo gostosamente as maravilhas da criação e saboreando a alegria de uma boa diversão, de uma boa festa.

Jesus se apresentou ao povo de sua terra como sacramento deste Pai prazeroso que gosta também de descansar e curtir a vida e os amigos. Embora os Evangelhos não relatem em nenhum momento as risadas de Jesus, é possível concluir, a partir de vários relatos, que ele não era um homem sisudo e fechado, mas alguém que vivia intensamente a alegria e o prazer. Quebrando regras convencionais, tradições seculares, Jesus é alguém que gosta da “boa vida”, do ócio e de curtir momentos prazerosos, regados a base de muita comida e de muita bebida, inclusive na companhia de gente de má fama

O primeiro sinal por ele realizado, segundo o Evangelho de João, foi a transformação de água em vinho, no final de uma festa de casamento, quando todo mundo já estava bêbado (Jo 2,1-12). Em que pese uma interpretação simbólica ou metafórica deste texto, na tentativa de negar a sua historicidade, não há como desconsiderar o seu significado para uma leitura positiva do prazer, do ócio e do lazer. Normalmente na Bíblia o vinho em abundância, além de expressar a alegria pelos dons concedidos por Deus, é símbolo de prazer, de lazer e de gozo. O simbolismo ou a metáfora do vinho indicam uma profunda revolução a ser realizada nos tempos messiânicos. Estes devem ser marcados pela festa da solidariedade, pela alegria, pelo prazer de viver, de encontrar os amigos, dos quais a abundância do vinho é a expressão mais forte (Is 55,1-2).

Os Evangelhos mostram ainda um Jesus que gosta de curtir os prazeres da vida. Embora ele não desvalorizasse a ascese, o jejum e o silêncio, sabia colocar essas coisas no seu devido lugar e no seu devido tempo (Mc 2,18-20). Ele não foi um asceta rigoroso, preocupado em manter-se distante de uma vida prazerosa e gostosa. Pelo contrário, como já dissemos antes, amava a “boa vida”, frequentando lugares e pessoas suspeitas. Esse seu tipo “boêmio” mereceu-lhe a fama de fanfarrão, comilão, beberrão, além de ser acusado de ser amigo de pessoas indecentes (Lc 7,33-34).
Clip-art

Temos todas as razões para aproveitar bem os períodos de férias e para reivindicar para todas as pessoas, sem exceção, esse sublime direito. Porém, precisamos ter cuidado para não transformarmos nossas férias em momentos de sofrimento e de dor. Precisamos curtir sem exceder, amar sem explorar e sem manipular as pessoas. Precisamos silenciar para escutarmos o barulhinho do vento nas folhas das árvores e da água que escorre num rio ou cai numa cachoeira. Somos chamados a sairmos da rotina para descansar nossos sentidos e refazermos nossas energias. Mas isso só será possível se fizermos como o Deus de Jesus. Nosso ócio, nosso lazer e nossos prazeres serão estressantes se levarmos atrás de nós o frenesi da vida agitada que temos. Serão tristes e monótonos se não formos contemplativos e se carregarmos conosco os vícios da manipulação, da depredação e da busca do prazer que custa dor e sofrimento para outras pessoas. É bom pensar bem nisso.
 

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

É Natal!


É Natal!
Queremos celebrar com você e todos os internautas este Natal,
enviando milhares de newsletters e E-mails
para dizer às pessoas em todos os recantos do mundo:
"Não tenham medo! Eu lhes anuncio uma grande alegria:
hoje, na cidade de Davi nasceu para vocês o Salvador!"

"Enredadas" nas Redes Sociais queremos fazer chegar
com diferentes recursos - links, clips, imagens, players -, o canto dos anjos:
"Glória a Deus no alto do céu, e paz na terra às pessoas por Ele amadas".
Com a incontável equipe de Leitura Orante na web
como os pastores, queremos
convidar a todos os que navegam na net:
"Vamos a Belém ver este acontecimento que o Senhor nos revelou".

Vamos cuidar de um amplo banco de dados, onde, pelo Acesso Rápido,
pode se chegar ao coração de Maria que "guarda tudo" e tudo "medita".
Com um grande banner luminoso,
como a estrela de Belém,
vamos passar por caminhos e ambientes, os mais diversos,
para indicar a quem quiser ver e sentir,
a presença de Deus feito pobre, feito criança, irmão de todos nós!

Neste Natal, com todos os bites, pixels,
também como internautas de Deus, queremos
promover a inclusão digital de todos para atender ao apelo de Jesus Cristo:
"Vinde a mim todos!"
Nas telinhas, na webTV , na web rádio, nas lanhouses, nos livros digitais, nos tablets e mobiles , queremos fazer transbordar
a coerência e a transparência de vida pautada nos valores evangélicos, na fé, na paz, e no amor
no coração de cada pessoa, imagem do Deus que vem a nós!
Este é o Natal que lhe desejamos!

(Equipe da Internet/ www.paulinas.org.br)

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Anunciem o Evangelho
a toda criatura
sem nenhuma reserva:
a todos os povos da terra,
a todas as raças,
a todas as classes sociais,
a todos os níveis culturais,
nas cidades cheias de luz,
nos áridos campos,
nos escritórios luxuosos,
nas choças miseráveis...



A todos os homens e mulheres,

para amá-los,
para compreendê-los.
para levar-lhes a luz e a paz,
para que descubram a Cristo.

(Pe. Tiago Alberione)

sábado, 21 de dezembro de 2013

4ª semana do Advento



Internet
 
Deixa-te desestabilizar!

 «José pensou em abandoná-la em segredo, e enquanto pensava estas coisas, um anjo do Senhor lhe apareceu».

(Da liturgia do 4º Domingo do Advento)

 José é descrito pelo evangelista Mateus como o homem justo, que age segundo o coração de Deus.  
E suas escolhas, de fato, provam isso. José pensa, discerne e, por fim, talvez com muito sofrimento no coração, decide! É vida aquilo que o Evangelho nos propõe, feita de sonhos, projetos e esperanças trepidantes, mas também de desconsolo e desilusões. É vida que flui em cada página e versículo, do rei Acaz ao apóstolo Paulo: uma vida na qual Deus entra e deixa um sinal.  
Hoje, nada é diferente: Deus pede licença para entrar nas nossas escolhas e imprimir-lhes traços indeléveis de sua presença no caminho da nossa vida.
Pede-nos para vencermos a possível incredulidade, confiando em nós, pedindo um sinal, mas não para provocar ou desconfiar. «Pede para conhecer», grita a Palavra na nossa vida, «pede para conhecer Deus como ele mesmo quis ser conhecido. Pede para entrar e estabelecer uma relação verdadeira, feita de diálogo, de palavra, de dom, de carne, porque da tua mesma carne ele a fez sua».   
Ele está aqui, pronto para entrar, para nascer, para continuar a ser o Deus permanentemente contigo.

A atitude da semana
 Deixar-se desestabilizar! Não há outra coisa a ser feita. O Natal está muito perto, e o dom a ser acolhido muito grande. Deus se doa a si mesmo, mas o faz removendo certezas e demolindo seguranças. Ele se doa como novidade no amar e no viver. Para nós, uma proposta só: permitir-lhe revolucionar os projetos e deixá-lo alargar o horizonte das nossas escolhas, dilatar o nosso coração para além de todo cálculo e medida.
José e Maria, fazendo isso, permitiram à história vislumbrar o invisível e tocar Deus.
 
A oração da semana
Senhor Jesus, luz do mundo,
vem em todas as trevas
e clareia todas as noites.


Nas escolhas repletas de amargura e desilusão:
vem e doa-nos luz.
Nos gestos rígidos da dor e do medo:
vem e liberta-nos com a confiança.
Nos projetos recheados de orgulho e pobres de solidariedade:
vem e ensina-nos a bondade.

Nas palavras de complacência e compromisso:
vem e abre-nos à caridade da verdade.
No olhar ofuscado pela inveja:
vem e torna-nos capazes de valorizar as pessoas.
Nos “sim” bloqueados pelo individualismo:
vem e faze-nos saborear a generosidade.


Vem, Senhor Jesus, tudo em nós
está pronto e te deseja. Amém.


FONTE: www.paoline.org

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Celebrar o Natal

 
 
Este livro traz um roteiro de encontros para celebrar o Natal em família ou comunidade. São sete momentos que precedem o nascimento de Jesus, nos quais o presépio vai sendo montado aos poucos, enfatizando a importância de cada uma das partes que o compõe.
Coloca-se em primeiro lugar a manjedoura; depois, Maria; em seguida, São José; seguem-se os pastores, a estrela, os magos e os anjos e, finalmente, o Menino Jesus. Dentre os muitos sinais e símbolos do Natal, o presépio é o que melhor evoca a festa do nascimento de Jesus. Nele, está o significado profundo do Natal e da própria vida humana na terra marcada pelo nascimento de Belém.
Celebrar o Natal apresenta uma forma criativa de os cristãos se reunirem nos dias que antecedem a grande festa do nascimento e redescobrirem o verdadeiro Natal, não aquele de consumismo, mas aquele que mudou a vida de toda a humanidade. Trata-se de uma preparação ao Natal que busca mostrar o verdadeiro caminho que conduz à Noite Feliz, na qual o Sol nascente vem dissipar toda treva. Afinal, nasce a Vida! (Saiba +)
 

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Semana vocacional em Vale Real



Equipe Vocacional em Vale Real-RS
Nos dias 09 a 13 de dezembro de 2013, Ir. Neide Puel participou juntamente com a equipe Vocacional da Diocese de Montenegro-RS, de uma semana em preparação para a ordenação sacerdotal de Marcio Weber, em Vale Real-RS.
Foi uma semana abençoada, alegre, dinâmica, com missão nas escolas, comunidades e visita as famílias da Paróquia Santos Reis em Vale Real. As pessoas dessa Cidade ficaram encantadas com o entusiasmo e a alegria contagiante da equipe vocacional, diziam que uma missão assim deveria ser realizada mais vezes para animar as paróquias, as escolas e as família, para que o Chamado de Deus possa ser sempre mais ouvido e anunciado em vista do seguimento de Jesus, como discípulos e missionários.

Entrevista com Ir. Adélia Rech


Neste ano de 2013, algumas Irmãs Paulinas celebraram 50 anos de consagração na vida Paulina. Nossa equipe do blog publicou as entrevistas que fizemos com elas, onde as mesmas partilharam suas experiências de fé vividas ao longo desses anos.
Confira a partilha de Ir. Adélia Rech:
Ir. Adélia com seus pais
1. Irmã Adélia, qual o texto Bíblico que iluminou sua caminhada ao longo desses 50 anos de vida consagrada?
Durante este espaço de 50 anos de vida consagrada foi um caminhar entre luzes e sombras para viver minha vocação e seguir Aquele que me chamou - Luz do meu andar e razão do meu viver. São muitas frases significativas, entre elas destaco:
"Vivo na fé no filho de Deus que me amou e se entregou por mim" e "Trago esse tesouro em vasos de barro".
Sou grata aos meus pais que me deram a vida, a Igreja pelo dom do Batismo e a Congregação que me recebeu e preparou para fazer parte desta nova família.
 
 2. Como você conheceu a Congregação das Irmãs Paulinas? 

Da esquerda para direita: Ir. Adélia e Ir. Catarina
Sempre pensei em fazer algo na minha vida para ser útil, estudar, fazer cursos, dedicar-me mais às pessoas... Não havia muitas possibilidades na época.
Um dia me encontrei com São Paulo apóstolo e manifestei meus sonhos e desejos.  Não tardou e inesperadamente apareceu a Ir. Catarina Boff, vendendo livros, e chegou na minha família perguntando se algumas das meninas queriam ser freiras; não pensei "duas vezes", respondi: EU QUERO! No mesmo dia eu já estava a caminho, e fui com ela.
A Ir. Catarina foi a primeira irmã paulina que conheci. Naquele momento, tive a certeza de estar seguindo os passos de São Paulo, com a bênção de Maria Santíssima.
 
3.Você recorda um momento significativo de sua caminhada em que sentiu a mão de Deus sobre você? 

Um fato significativo para mim foi quando meus pais me abençoaram no dia que parti de casa para o convento. Fui percebendo no meu caminho vocacional uma história de amor, sentia que a "mão de Deus estava sobre mim". Sempre nas idas e vindas em casa, na missão, na minha caminhada espiritual...
Lembro de São Pedro(como mostra no Evangelho), ao ser interrogado por Jesus, a resposta dele é sublime: "Senhor, tu sabes tudo, sabe que eu te amo". Sempre fui marcada pela certeza de sua presença. Ele me acompanhou com sua graça, guiou-me e constituiu a minha história no projeto do amor de Deus. Ele me deu forças, a fim que eu pudesse anunciar sua mensagem(cf. 2Tm 4, 17)

 4.Que setores da Missão Paulina você já trabalhou?  
São vários os setores em que pude ser útil para anunciar a Palavra de Deus: atendendo pedidos pelos Correios; nas viagens apostólicas, bíblicas; feiras de livros nas escolas e paróquias; renovação da Revista Família Cristã; administrando trabalhos comunitários; como motorista; nas livrarias atendendo o povo, entre outros.
 
5. Deixe uma mensagem para as jovens que hoje desejam seguir Jesus mais de perto no Carisma Paulino.
Jovem, desperta! Venha, entre nessa!
Há um mundo novo para vislumbrar, entregue sua vida, venha conquistar este espaço que é só teu.
Venha contemplar mais de perto o rosto de Jesus. Ele está lhe chamando, pare... pense... decida!
Jovem, venha conhecer mais de perto Jesus, o seu olhar pode te encantar...
Ajude muitas pessoas a conhecê-lo. Venha fazer esta experiência, não custa, confie nele, pois é fiel. Ele a ama com amor eterno.

domingo, 15 de dezembro de 2013

3ª Semana do Advento

Coragem, não temas!
“Olha o agricultor: ele espera com paciência
o precioso fruto da terra”.
(Da liturgia do 3º Domingo do Advento)

Alegra-te, rejubila, sejam robustecidas as mãos cansadas. Coragem, não sejas indeciso, não desistas, não te deixes vencer pelo medo e pelas incertezas, não desistas de esperar, não impeças o teu futuro de nascer, não penses que a felicidade seja impossível, não nutras a tristeza com o desânimo, não te vergues como a cana agitada pelo vento.
Na escuridão, nesta noite, neste tempo repleto de contradições será aberto um caminho, o sol surgirá, um rebento novo brotará e será a alegria nova, a felicidade possível, para todos e para ti!
Não temas, tem confiança, espera sem duvidar. O teu Deus está perto, entra nos limites e nos sofrimentos que fazem parte da vida. Penetra em cada ferida, cada amargura e desilusão e, tocando-as, cura cada uma.
Hoje, Deus vem, está perto, não nos deixará esperar inutilmente.
A cegueira da autossuficiência verá a força não contida do amor, a surdez do individualismo ouvirá o perdão do inocente morto, a incerteza do medo descobrirá as mãos estendidas de quem confia e chama. Isto realiza o Senhor àquele que o espera com confiança.

A ATITUDE DA SEMANA
Alegrar-se! Viver a vida na alegria; recomeçar a alegrar-se pelas coisas simples, pelos encontros, pela presença de algumas pessoas na nossa vida.
Alegrar-se, também, se nos falta alguma coisa, se nem tudo vai de acordo com nossos desejos, se o Natal será mais simples e sóbrio ou se será celebrado sob uma árvore. Precisamos reacender no nosso coração a luz da alegria; uma alegria capaz de espantar a escuridão do desânimo, para fazer-nos descobrir o belo e o bom presentes em nós e ao nosso redor.

A ORAÇÃO DA SEMANA
Tu és a nossa alegria mais íntima e sincera:
vem, Senhor Jesus.
Tu és o Evangelho do amor que não se cansa de esperar:
vem, Senhor Jesus.
Tu és o anúncio de uma alegria possível entre as lágrimas:
vem, Senhor Jesus.
Tu és a luz esplendorosa que refulge sem cegar:
vem, Senhor Jesus.
Tu és a resposta a tantas perguntas não formuladas:
vem, Senhor Jesus.
Tu és o caminho da vida que se abre entre milhares de caminhos de morte:
vem, Senhor Jesus.
Vem, Deus da vida, Senhor da alegria, Salvador esperado, Filho doado:
vem e remove do nosso coração o peso da tristeza,
ensinando-nos a fragilidade da felicidade. Amém.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Ir. M. Scolástica Rivata, Venerável

 
 Com imensa alegria recebemos a notícia que no dia 9 de dezembro de 2013, o Papa Francisco, na audiência concedida ao cardeal Angelo Amato, Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, autorizou “a promulgação do Decreto referente às virtudes heroicas da Serva de Deus, Maria Scolástica da Divina Providência (no mundo: Orsola Maria Rivata), Religiosa professa e Primeira Superiora Geral das Pias Discípulas do Divino Mestre; italiana (1897-1987)”. Com a promulgação do Decreto, Madre Scolástica se torna “Venerável”.
 
Agradeçamos e louvemos o Divino Mestre por este grande dom na Família Paulina.


 

Oração a N. S. Guadalupe


A luz esplendorosa



domingo, 8 de dezembro de 2013

2° domingo do Advento

ADVENTO, TEMPO DO SIM
 
 Prepara a casa

"Adão, onde estás?”- “Tenho medo”.
“Encontraste graça” -
“Faça-se em mim, segundo a tua palavra”».
(da liturgia do dia 8 de dezembro)
 
O Senhor Deus, no jardim da criação, chama Adão – o ser humano tirado da terra. Chama… e aquele em quem o Espírito de  vida fora soprado por Deus, escuta a voz, fica com medo e se  esconde. A criatura, marcada pelo pecado, tem medo de seu Criador.
Senhor Deus, no jardim da criação, chama Adão – o ser humano  tirado da terra. Chama… e aquele em quem o Espírito de vida fora soprado por Deus, escuta a voz, fica com medo e se esconde. A criatura, marcada pelo pecado, tem medo de seu Criador.
O Senhor Deus chama Maria: é a amada, a transbordante de amor, de graça, de vida. Ela ouve, e a voz perturba, ressoa, se move, não deixa indiferentes. Maria, criatura aberta à voz de Deus, se entrega ao seu Criador, oferece a sua vida como casa, pede para entender, mas não para ver.
O Senhor Deus chama, continua a fazê-lo em todos os tempos, em todos os lugares, em cada homem e mulher, em cada consciência. Em ti, hoje. E a Palavra se torna, para cada um de nós, proposta de plenitude.
 
A ATITUDE DA SEMANA
A fé, a confiança, o lançar-se em Deus sem titubear: isto torna possível o impossível. Mas, como passar do medo à confiança?
Maria nos sugere uma única atitude: preparar a casa, a nossa vida, a interioridade, o coração, os pensamentos, os desejos.
Preparar a casa: limpá-la do supérfluo, remover os resíduos do rancor, raspar as incrustações da desesperança, eliminar a poeira da superficialidade.
O dom está pronto para todos: mas, em quem encontrará espaço?

A ORAÇÃO DA SEMANA
Eis-me, Senhor!
Gostaria que a tua Palavra se tornasse verdadeira também em mim, como em Maria.
Eis-me, consciente de todos os meus limites e do meu pecado.
Deveria fugir? Esconder-me?
Ouço a tua voz, mas não quero ter medo.
Penso-te onipotente, sei que o és:
onipotente no amor, onipotente no perdão,
no continuar a acreditar em nós, não obstante tudo.
Eis-me, Senhor!
Esta é a minha vida e a minha história: nada de extraordinário,
e no entanto, tu a amas e a escolhes, confias nela.
Realiza em mim e através de mim, a tua Palavra, torna o teu amor palpável nas minhas escolhas. Amém.