segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

"Eu sou extremamente feliz!"


"Da decisão que eu tomei, de ser padre, nunca me arrependi!"


Dom Erwin Kräutler é Missionário do Sangue de Cristo(C.PP.S.) e bispo da Prelazia do Xingu, no Pará. Foi ordenado padre em 3 de julho de 1965 na catedral de Salzburgo, na Àustria. Em 18 de julho celebrou sua primeira missa com o povo da sua cidade natal. No dia 25 de novembro, do mesmo ano, já estava em Belém do Pará, no Brasil.

Veja abaixo a entrevista de Dom Erwin, na qual ele fala de sua vocação sacerdotal.



* Dom Erwin, fale-nos do seu chamado vocacional.


Meu chamado vocacional começou muito cedo, desde menino eu sentia uma atração pelos feitos do meu tio Dom Eurico (que era missionário no Xingu). Naquele tempo não tinha internet. O tio tinha costume de escrever cartas para os seus familiares. Desde pequeno ficamos familiarizados com o Xingu. 'Eu bebi àgua do Xingu', como menino de 4 a 5 anos. A questão indígena já existia na minha vida desde aquele tempo. Na minha família, falávamos do povo indígena, especialmente os Kayapó, como se fosse um grupo de gente que estivesse muito próximo, embora estivesse distante à 8 mil km. Fui para a escola aos 6 anos, também fui coroinha. Minha vontade de jovem entusiasta era transformar, converter o mundo, mas não entendia bem o que significava isso. Mesmo sendo estudante, fui membro da Juventude Operária Católica (JOC) da minha paróquia. Lutei ao lado de operárias e operários. Fui um jovem muito ativo em todas as frentes. Tocava violão, cantava, fiz teatro, promovi encontros e festas. Era convidado para cantar em festas ou animar encontros de jovens. Em 1958, entrei no noviciado dos Missionários do Sangue de Cristo em Schellenberg, no Principado de Liechtenstein. Queria ser padre, missionário.


*Conte-nos a sua experiência de ser chamado a ser padre.

Ser padre não é escolha minha. Porém, ao ser chamado a essa vocação, se é convidado a responder sim ou não, a liberdade é sua. Quem opta por esse caminho, foge um pouco da normalidade das pessoas, mas não é porque você fez a opção, mas porqque sente no fundo da sua alma, do seu coração, o chamado de Deus. E o resto é consequência. Como ser fiel é sempre uma questão. Entra toda a situação da pessoa humana, com seus altos e baixos. Começam a surgir as crises. Quem diz que nunca passou por uma crise, tem alguma coisa que não funciona direito, as crises são salutares, porque conscientemente você vai dizer: Eu quero seguir este caminho! E o que mantém a pessoa no caminho é o maior amor e você não faz isso por qualquer coisa, alguma coisa lhe atrai. 'A caridade de Cristo nos impele', isso na mística paulina é impressionante, por Ele, Jesus, perdi tudo, por uma pessoa, não por uma construção filosófica. Cada um tem sua vocação, não tem duas vocações iguais. E cada um tem seu carisma. Você é que vive seu carisma no fundo de sua alma.



*O que você tem a dizer aos jovens que estão escutando o que Deus quer em suas vidas?


Eu pediria aos jovens que pelo menos se interessem em saber que tipo de vida é. Não vou dizer que entrem numa comunidade de religiosas/os ou seminários para fazerem uma análise se é bom ou não, mas precisam conhecer pelo menos um pouco, o que não se conhece, não se ama. Não se pode argumentar sobre diversas vocações sem nunca ter feito uma pequena experiência ou falado com alguém que representa essa vocação, que é feliz na vocação que assumiu ou aprofundar as linhas de uma Congregação ou uma ordem. Conhecendo e só assim é que o jovem tem condições de dizer: isso não é para mim ou é para mim, eu vou tentar.

"Eu nunca duvidei, em nenhum momento, de que Deus me chamou para esse caminho."

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